quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

BOLHÃO É VIÁVEL - Tertúlia no Café Ceuta


"A Câmara do Porto ganha o dobro se mantiver o Bolhão e fizer obras no espaço. O arquitecto Joaquim Massena fez as contas e diz que a cedência da exploração do mercado vai prejudicar a autarquia em cerca de 29 milhões de euros.
Um grupo de trabalho já está a preparar o recurso aos tribunais"


Bolhão é viável: http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=eccbc87e4b5ce2fe28308fd9f2a7baf3&subsec=&id=ac7935b774cd4a94f20681b57d00e56a

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

PROJECTO DA TCN PARA O BOLHÃO É DE EVIDENTE DEMOLIÇÃO INTERIOR

Texto de Pedro Bismarck (Opozine)

Para tentar esclarecer (a mim incluído) sobre o que consiste o projecto da empresa TramCrone para o Mercado do Bolhão, aqui ficam algumas informações resgatadas do site da TCN e do JPN:

- Toda a estruturação existente do espaço interior desaparece - incluíndo as bancas, as estruturas de apoio, os casinhotos e a bela escadaria norte. Fica basicamente apenas fachada!
- Deixa de haver os pátios actuais, e o passadiço central também desaparece: o piso da rua Fernandes Tomás (o actual piso em galeria) irá ocupar toda a área do mercado, onde se vão instalar os restaurantes (do lado sul) e o mercado (do lado norte).
- O piso da rua Formosa desaparece e divide-se em dois: que vão ser ocupados com um supermercado (lado norte) e com as novas "lojas-âncora" (lado sul).

-Vai haver uma cobertura totalmente nova do lado dos restaurantes e do lado do mercado.

- Em baixo, dois pisos de estacionamento. Nas fachadas, vai haver sobretudo habitação.

Área total = 25.730 m2
Lojas = 11.395 m2 (44% da área total)
Supermercado = 3.125 m2 (12%)
Habitação= 2.500 m2 (10%)
Restaurantes = 1.450 m2 (6% da área total)
Mercado = 760 m2 (3% da área total e cerca de 1/4 da área actual)
Presumo que os 25% (6500m2) restantes serão para circulações, armazéns e estacionamento

Assim, enquanto lojas, restaurantes e supermercado vão ocupar 62% da área total + circulações e armazéns que fará cerca de 70 % da área total, o mercado vai ocupar 3% da área total. Com estes números, com as características funcionais acima apresentadas e com todas as alterações arquitectónicas descritas, expliquem-me:

a) Como é possível dizer que se mantém a essência do mercado quando este vai representar apenas 3% da área total, muda para um sítio que nunca existiu na parte menos nobre do edifício (e não a mais nobre como diz Pedro Neves, basta ler o texto do Arq. Correia Fernandes para perceber) e se reduz em 1/4 da área actual.

b) Se uma coisa que tem 60% de área (sem contar com armazéns e circulações) para lojas, restaurantes e supermercado não se chama shopping, então caro Pedro Neves chama-se o quê? Bom, mercado não se vai chamar de certeza.

c) Como se pode dizer que não se vai demolir nada, quando todo o miolo e interior do edifício vai desaparecer. Para construir dois pisos novos, restaurantes e lojas numa área de 60% há-de ser preciso demolir alguma coisa.

d) Como é que a câmara aprova um projecto desta natureza sem exigir um projecto de arquitectura verdadeiramente detalhado, completo e descritivo daquilo que se altera e daquilo que fica?

e) Como é que a TCN, uma empresa sem experiência nenhuma em projectos de reabilitação, que está vocacionada para a promoção de retails, outlets em zonas periféricas das cidades, ganha um concurso de reabilitação de um edifício histórico no centro da cidade?

Não tenho nada contra adaptação do Bolhão, penso que é necessária e urgente. Acho que tem todo o potencial a mistura de valências (como já aqui disse), de novas lojas, restaurantes, esplanadas, até penso que a habitação pode ser uma solução. Mas é necessário manter o edifício, a sua traça, o seu sentido e configurações únicos, o seu potencial turístico e a sua identidade. Não é com 3% da área total que se propõe para o espaço de mercado que isso se vai manter.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

TramCrone anuncia a demolição de todo o interior do Bolhão, dando razão ao Movimento Cívico e Estudantil

Promotora diz que demolição do interior do Bolhão é uma "inevitabilidade"
http://jpn.icicom.up.pt/2008/01/21/promotora_diz_que_demolicao_do_interior_do_bolhao_e_uma_inevitabilidade.html

Vejam a notícia na qual dá toda a razão ao Movimento Cívico e Estudantil quando o Administrador da TramCrone, Eng. Pedro Neves, afirma que é inevitável a demolição de todo o interior do Mercado do Bolhão.

É incompreensível e deve ser divulgado como os representantes da Câmara do Porto aprovam tamanho horror, a demolição integral de todo o seu interior, para dar corpo a um interesse, somente particular, com prejuízo absoluto para o Património Humano e Arquitectónico.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O Bolhão http://www.porto.taf.net/dp/node/3501

"Sábado de manhã, fui ao Mercado. Para perceber determinadas coisas há que ir aos sítios, há que vê-los, compreendê-los. Quantas pessoas que por aí escrevem sobre o Bolhão foram lá nos últimos tempos? Meses? Anos? Talvez nem na Baixa vivam, raramente aqui vêm. É indiscutível que o Mercado perdeu muita da sua dinâmica, há mais concorrência, e sobretudo, vive menos gente pela Baixa. Mas ele subsiste quase implacavelmente, subsistem aqueles que aqui vêm. O incrível não é que ainda há pessoas que vão ao Bolhão, mas sim, que apesar do estado de abandono a que foi votado o edifício, continue afluir gente ao mercado. Isso é o incrível. E está cheio! Mas desenganem-se, não são apenas velhos, há gente nova (como eu, que por aqui vivem agora), há turistas de máquina fotográfica e de sorriso estampado, há gente carregada de sacos. Há flores, fruta, peixe (e tanta diversidade), carne, pão, bom pão, uma variedade de produtos regionais que em nenhum outro sítio do Porto existe. O mercado é um elogio aos sentidos, um lugar absolutamente único. Em quantos sítios da Europa temos ainda a oportunidade de deambular por uma estrutura desta dimensão, com esta vida, com esta oferta de produtos, de cores, de cheiros, de sons? Está tudo lá, enquadrado magnficamente pela arquitectura do Marques da Silva. Mesmo assim abandonado, apoiado por andaimes, mantém o seu semblante de grandeza e dignidade.
Não me venham é dizer que a solução para tudo são shoppings, três no mesmo km2, é demais. Aprendamos com os erros dos outros. Nos anos 80 e 90, muitos mercados foram fechados por essa Europa fora e substituídos por shoppings. O Les Halles em Paris, é um exemplo, de muitos, de um projecto falhado que hoje espera uma solução.
A solução do Bolhão já lá está! O que é o Bolhão senão um imenso mercado de produtos como se diz agora "biológicos", regionais, naturais, único. Ponha-se também comércio relacionado com produtos regionais e de artesanato (tantas feiras de artesanato que por aí se fazem), de vinhos (Vinho do Porto), de gourmet, pequenos restaurantes específicos com belas esplanadas lá dentro, de pequenas lojas vocacionadas para turistas. Manter essa aura específica e atraente do Bolhão mas dotá-lo de novas valências que atraiam um novo público é isso que o Mercado precisa. Transformá-lo em shopping pode ser a solução mais rentável directamente, mas imaginem as possibilidade que se perdem. Valerá a pena? Qualquer turista irá franzir o olho quando lhe disserem que o mercado vai ser um shopping, que vai ter uma cobertura, mais um piso intermédio, dois maravilhosos pisos de estacionamento (mais carros para a cidade) que o cheiro das especiarias e das flores que ainda subsiste pelo ar vai ser substituído pelo odor apetitoso de um hamburguer com batatas.
*Pedro Bismarck [
opozine]
PS. Relativamente ao
site da TramCrone. Quando se estuda arquitectura é-nos ensinado a ler nas imagens os conceitos, a compreender nas apresentações as ideias que estão por trás. O site da TCN (e aconselho talvez a ver outros sites de arquitectos e outras empresas para perceber a diferença) para além das questões de gosto, não mostra nada, não explica o projecto, apresenta três ideias banais, com umas imagens e uns esquemas que já serviram para mil um projectos. A questão é que a TCN promove empreendimentos novos para áreas periféricas e o Bolhão não é um projecto novo, é uma reabilitação."

- Pedro Bismarck - http://www.porto.taf.net/dp/node/3501

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

UNESCO, IPPAR, Assembleia Municipal, Ordem dos Arquitectos, alertada

Transcrevemos o documento elaborado e enviado pelo Arquitecto Joaquim Massena, a 13 de Maio de 2007, para a Unesco, Assembleia Municipal do Porto, Ordem dos Arquitectos, alertando para a Demolição Tipológica do Mercado do Bolhão.

"Excelência,

O Coordenador e Autor do Projecto de Execução para a Reabilitação do Mercado do Bolhão, aprovado pela Câmara em Outubro de 1998, vêm recordar que este é um imóvel de Interesse Público, como tal não pode ser “demolido, alienado, expropriado, restaurado ou transformado sem expressa autorização do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico.

Num acto de cidadania manifesta com veemência, junto dos Órgãos de Soberania, o Horror que irá ser cometido na Cidade do Porto com a demolição tipológica do Mercado do Bolhão, um dos maiores símbolos e modelos da Terciarização e Comercialização, ainda patentes na nossa Cidade.

Porque a última Notícia pública, conhecida e não contestada pelos Órgãos Municipais, é a transmitida pelo Jornal de Notícias do passado dia 09/05/2007, onde refere que o Mercado do Bolhão será concessionado por um período de 50 anos e os dois concorrentes, apontam as seguintes opções programáticas:

• “O Grupo Amorim - transformando o Bolhão num centro comercial, com mercado tradicional no piso inferior, 41 milhões de euros”;

• “O Grupo TCN, TramCroNe - com o objectivo de juntar as valências de centro comercial e de habitação ao mercado tradicional, situado no piso superior, cujo valor é de 38,5 milhões de euros”.

Há um claro desrespeito, caso se observe a referida destruição tipológica, pelo Património Arquitectónico Edificado e o que ele representa na estrutura Cultural, Social e Económica da Cidade do Porto.

E, mais ainda, quando existe um Projecto Aprovado desde Outubro de 1998 por todas as Entidades, internas e externas à Câmara Municipal, Avaliado por um dos maiores Arquitectos Internacionais “Álvaro Siza Vieira” (conforme acta anexa) e submetido na Universidade de Alcalá Henares, em Madrid, aquando de Estudos Superiores sobre a Reabilitação do Património Natural e Edificado, desenvolvidos segundo o Autor e Coordenador deste Projecto e desta Exposição.

Considera, pela legitimidade que lhe é conferida através;

• Da Avaliação do Arquitecto Álvaro Siza Vieira;

• Dos Estudos Superiores na Universidade de Alcalá de Henares;

• Da elaboração do Projecto de Execução para a Reabilitação do Mercado do Bolhão, Aprovado em Outubro de 1998, cujo valor é de12,5 milhões de euros;

Propor:

A urgente implementação do Projecto de Execução Aprovado pela Câmara Municipal do Porto em 1998, para o manter vivo e reforçar o tecido Humano e Empresarial, na sua estrutura compositiva e de Jurisdição Municipal, legando aos Vindouros um dos maiores símbolos da Cidade, alegórico da Terciarização da Cidade Sec. XIX, sem comprometer o Bem Público nos próximos 50 anos.

Neste sentido requer a V.Ex.a, invocando todos os Diplomas Legais, Nacionais e Internacionais de Defesa e Salvaguarda do Património, que seja diligenciado o embargue da Concessão por 50 anos e todos os procedimentos que afectem o Património Humano e a composição funcional e estrutural do Mercado do Bolhão.

Pede DeferimentoPorto, 13 de Maio de 2007

O Coordenador Geral do Projecto de Reabilitação do Mercado do Bolhão e Autor do Projecto de Arquitectura

JOAQUIM ORLANDO FONSECA MASSENA,
arquitecto (Mestre em Reabilitação e Recuperação do Património, Reg. na Universidade de Alcalá, sob o nº 6641, a 10/Set/1997)Membro da OAP 3782/SRN

Nota: O teor deste documento será semelhante e enviado para as seguintes Entidades:
•Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico
•Presidente da Ordem dos Arquitectos Portugueses
•UNESCO

Se o Bolhão falasse...

Manuel Correia Fernandes, Arquitecto
Bolhão era o nome do lugar onde foi construído o mercado que hoje dá por esse mesmo nome. E, tal como a Torre dos Clérigos ou a Ponte Maria Pia, o Bolhão é um ex-líbris da cidade. Porém, se, nestes casos, o que conta é, essencialmente, a arquitectura, no caso do Bolhão, o que conta é aquele "lugar" específico. Não é que a arquitectura seja má ou irrelevante. Não. A arquitectura é de grande qualidade como, alias, quase tudo o resto, neste "lugar" mítico da cidade!Embora apoiado, na sua maior extensão, numa das mais modernas ruas da cidade, a Rua de Sá da Bandeira, o mercado tem mais três frentes para outras tantas ruas, sendo que a principal é, claramente, a que está voltada para a Rua Formosa. As outras duas são as das ruas de Alexandre Braga, do lado nascente, e de Fernandes Tomás, do lado norte. Esta é, por seu lado, a frente menos elaborada e a de menor expressão arquitectónica, funcionando claramente como "traseira". Isto é evidente, inclusivamente, na menor importância dada ao tratamento dos ângulos do edifício que, por exemplo, ao nível da cobertura, não possui as cúpulas que só existem nos gavetos do lado sul. Podemos, assim, notar que a importância das quatro portas, traduzida nos elementos arquitectónicos que lhes correspondem, está claramente hierarquizada a partir da porta da Rua Formosa (a principal), seguindo-se as de Sá da Bandeira e de Alexandre Braga (laterais) e, finalmente, a da Rua de Fernandes Tomás (traseira). Entende-se que assim seja, uma vez que, à época da construção do mercado, as ruas acima da Formosa estavam ainda em formação que apenas viria a ser concluída em meados do século passado. Hoje, no entanto, a situação é diferente e esta hierarquia já não fará muito sentido, mas foi assim que o espaço do mercado foi organizado e esse é, também, um elemento e um sinal que evoca uma memória da cidade e da forma como esta cresceu e se foi dispondo no espaço e no tempo. Mas não é só de arquitectura que o mercado vive. O Bolhão é uma "instituição" da cidade, também pelas funções que lhe estão associadas, pelos sinais característicos de vivências sociais muito específicas que contém e, ainda, pelo papel simbólico que equipamentos deste tipo sempre têm nas cidades e que jamais devem perder porque se trata de valores verdadeiramente patrimoniais. E, nesta matéria, o Porto não é excepção. O Bolhão é notável, ainda, pela capacidade que tem demonstrado para resistir ao assalto da concorrência, pela "centralidade" que marca um "lugar", pelo suplemento de alma que dá a uma "Baixa" em dificuldades, pelo fascínio que têm as vivências que ali têm lugar e, finalmente, pela vida e pela actividade que gera à sua volta.Mas tudo isto e o muito mais que poderia invocar-se, "em defesa da sua honra", parece que não basta para o proteger da insensibilidade de quem insensatamente o condena a transformar-se num vulgar "centro comercial" ainda que por motivos aparentemente estimáveis. O Bolhão está, é certo, em mau estado, mas a culpa não é do mercado, não é de quem diariamente o usa e, muito menos, de quem lhe dá vida e sentido todos os dias. A culpa é de quem tem por missão olhar por ele e pela cidade que, ainda por cima, diz querer reabilitar, e de quem olha para ele com os turvos olhos do "tio Patinhas" que são os olhos que neste momento não lhe saem de cima. É caso para dizer por favor, deixem o mercado trabalhar! Deixem-no ser o que sempre foi e deve continuar a ser. "Façam--me obras", claro, mas deixem-me em paz, diria o mercado… se falasse.

http://jn.sapo.pt/2007/11/30/porto/se_o_bolhao_falasse.html

Câmara do Porto: Aprovada renovação do Mercado do Bolhão, com votos contra do PS e CDU


Porto, 18 Dez (Lusa) - O executivo camarário do Porto aprovou hoje, com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP e contra do PS e CDU, o contrato de concepção, construção e exploração, por 50 anos, da renovação do Mercado do Bolhão.

O PS justificou o voto contra com a recusa do presidente da autarquia, o social-democrata Rui Rio, de inclusão de um representante do partido na Comissão de Acompanhamento da execução do projecto.
O vereador socialista Matos Fernandes, que substituiu hoje Francisco Assis, afirmou que o projecto vencedor, da empresa de capitais holandeses Tramcrone, "é um mar de dúvidas".
"Aquilo que sabemos é que a equipa que ganhou é muito má a fazer projectos e muito boa a negociá-los", disse Matos Fernandes, referindo-se ao facto de ter sido seleccionado o concorrente que teve pior classificação na avaliação da qualidade técnica do projecto.
O vereador da CDU, Rui Sá, considerou a proposta "um cheque em branco", acusando a maioria PSD/CDS-PP de falta de transparência de procedimentos.
"Estamos a votar um contrato que remete o essencial para anexos que fazem parte do próprio contrato, mas não temos nenhum deles", frisou Rui Sá.
Para o autarca comunista, a execução do projecto da Tramcrone vai "destruir a alma do Mercado do Bolhão", sem dar garantias concretas aos actuais comerciantes e transformando o imóvel numa "filosofia de centro comercial e não mercado de produtos tradicionais".
"Porque é que na conferência de imprensa não falaram no supermercado?", questionou Rui Sá, acusando a maioria de ter "alguns pruridos" em admitir publicamente que a Tramcrone tem autorização para instalar um supermercado, que fará concorrência ao comércio tradicional do edifício.

Temendo pelo futuro do Bolhão

Dias depois da apresentação do “novo” Bolhão, a Associação de Feirantes do Distrito do Porto manifestou “tristeza e indignação” com o seu destino. É “lamentável que se tenha de entregar a concessão de um espaço camarário a terceiros para o reabilitar”, disse o líder. A Associação de Feirantes do Distrito do Porto manifestou “tristeza e indignação” com o destino traçado para o Mercado do Bolhão, que vai ser renovado por uma empresa holandesa.Em nota enviada à Lusa, o presidente da associação, Fernando Sá, considera “lamentável que se tenha de entregar a concessão de um espaço camarário a terceiros para o reabilitar”. O texto sublinha que “é por demais sabido, que projectos não faltaram”, nomeadamente o do arquitecto Joaquim Massena, na década de 80 do século passado. Na opinião dos feirantes portuenses, o projecto de Massena teria a vantagem de “manter vivo o tecido físico do mercado, com novos conceitos de uso, novas funções e valências e novos horários de funcionamento”. Fernando Sá lamenta que não tenham “servido para o Bolhão os milhões dos anteriores quadros comunitários”, e pergunta porque “continuam a não servir os do actual QREN” “Será apenas falta de vontade politica dos sucessivos executivos camarários que se debateram com esta questão?”, interroga-se.Os feirantes portuenses atribuem às obras do metro do Porto o facto do edifício, “ou pelo menos parte dele”, estar em perigo de ruínas, e acham curioso que a empresa do metro “nunca seja responsabilizada pelas suas acções”.Para a associação há quem queira “fazer crer que o Bolhão continuará a ser o Bolhão, aquele onde se entoam pregões desde 1850 e que atrai à cidade milhares de visitantes, mas tal não é de acreditar”“Os que entoam os pregões, os comerciantes, poderão ser gravemente prejudicados”, sustenta o texto dos feirantes portuenses.Referem ainda que o projecto vencedor será concretizado, “mais uma vez, em detrimento da cultura, dos usos, dos costumes, da tradição, do respeito, e sob o poderio dos grandes grupos económicos”.“Esperamos que o IPPAR não se esqueça deste exemplar da arquitectura civil comercial na sua avaliação”, afirma o documento, lamentando que “os movimentos cívicos que, em época de eleições se moveram pelo Bolhão, não se manifestem”.O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, anunciou, quarta-feira, que a empresa de capitais holandeses Tramcrone venceu o concurso para a renovação do Mercado do Bolhão, com uma proposta de investimento de 50 milhões de euros.Em conferência de imprensa, Rui Rio referiu que “o objectivo é que o Mercado do Bolhão abra dentro de dois anos, no Natal de 2009”.O autarca disse também que, antes que as obras se iniciem, é necessário ainda que o projecto de execução seja elaborado e aprovado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar).O “novo” Mercado do Bolhão vai manter a traça original e partilhar a área comercial tradicional com novas lojas, cerca de metade das quais de cultura, lazer e restauração.A Tramcrone vai construir dois pisos subterrâneos para cargas e descargas e estacionamento, com capacidade para 216 automóveis, e um piso intermédio entre os dois actuais pisos comerciais.

http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=eccbc87e4b5ce2fe28308fd9f2a7baf3&subsec=&id=3ba0dddb36dccc5a3b9a05560976524f