quinta-feira, 2 de abril de 2009

"CÂMARA ADMITE ATRASOS NA REABILITAÇÃO DO MERCADO DO BOLHÃO"

Artigo do jornal Público

Direcção Regional de Cultura do Norte destaca complexidade do processo, mas o vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, acredita que o prazo global será cumprido


O processo de reabilitação do Mercado do Bolhão está atrasado, mas a Câmara do Porto acredita que é possível cumprir os prazos globais, que atiram o início das obras para 2010. Depois da aprovação do programa preliminar do mercado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), previa-se que em trinta dias estivesse concluído o projecto-base do novo Bolhão. Esse prazo terminou a 11 de Março e, por enquanto, não há previsões para a sua conclusão.


O trabalho não é fácil e, pelas palavras da responsável da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), percebe-se que 30 dias era um prazo demasiado optimista para concluir um projecto-base. Em resposta escrita ao PÚBLICO, a directora desta entidade, Helena Gil, explica que foi constituída "uma equipa multidisciplinar na Direcção de Serviços dos Bens Culturais" da DRCN com vista à elaboração do projecto de recuperação do Bolhão que, por enquanto, "está a proceder a uma série de estudos e recolha de informação diversa".


A equipa da DSBC/DRCN está, assim, envolvida na "compilação da documentação dispersa nos arquivos da Câmara do Porto (...) e seu estudo"; "na investigação histórica e documental, com consulta em diversos arquivos"; "na identificação e registo das principais patologias para elaboração do [respectivo] mapeamento"; e no "cruzamento de informação com outros projectos no local". Helena Gil explica que "este conhecimento exaustivo e prévio é indispensável para a elaboração do programa base do projecto de recuperação e reabilitação do Mercado do Bolhão, aguardando-se também a entrega, por parte da Câmara Municipal do Porto, do levantamento desenhado do Mercado do Bolhão em suporte digital, para a conclusão do mesmo". A directora da DRCN não especifica, contudo, para quando se prevê a conclusão deste trabalho.


Ao PÚBLICO, o vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, admite a existência "de um ligeiro atraso" nesta fase do processo, mas garante estar confiante de que será ainda possível cumprir os prazos globais. "O prazo de 30 dias dado ao Igespar para elaborar o projecto-base sofreu um ligeiro atraso porque o levantamento que tínhamos na câmara não foi considerado com qualidade necessária e suficiente para elaborar um bom projecto", explica Lino Ferreira. O responsável pelo Urbanismo garante que a câmara "adjudicou em oito dias" um novo levantamento, contratualizando a sua entrega de forma faseada: "Para a elaboração do projecto-base o importante é ter um levantamento do edificado, sem grandes pormenores e que deve estar a ocorrer a qualquer momento. Na fase do projecto de execução será entregue o restante, já com todos os pormenores". Lino Ferreira acredita que o atraso actual será ultrapassado pelo facto de alguns projectos, que deveriam ser trabalhados em fases posteriores do processo, estarem já a avançar. "Exemplo disso é a consolidação das fundações na parte sul do edifício, que está já a ser trabalhada", diz.


O programa preliminar para o mercado, elaborado pela autarquia, foi aprovado pelo Igespar a 11 de Fevereiro. De acordo com os prazos apontados pela autarquia, 30 dias depois deveria estar concluído o projecto-base, seguindo-se 60 dias de estudos prévios e mais 120 dias para o projecto de execução. Sem se referir em concreto ao atraso no processo, Helena Gil justifica: "O programa preliminar (...) contém alguns pressupostos que exigem uma grande ponderação e estudos aprofundados, nomeadamente, a instalação de uma cobertura (...) e as ligações subterrâneas ao parque de estacionamento da Praça D. João I e à estação de metro do Bolhão."

2 comentários:

Fernando disse...

Lamentável.

Ana Maria Henriques disse...

Não merece muitos comentários... apenas um, visito o bolhão 2 vezes por semana. Sei que os comerciantes estão a deixar o bolhão lentamente...é isso que a Câmara pretende? só assim tem terreno livre para ter uma grande superficie comercial.