quinta-feira, 17 de abril de 2008

TCN Portugal substituiu Júlio Macedo por Pedro Neves no cargo de director executivo

O ex-CEO tem surgido envolvido em negócios polémicos, como o da compra do edifício dos CTT de Coimbra, que está sob investigação.


A TCN Portugal, promotora do projecto de remodelação/exploração do Mercado do Bolhão, no Porto, decidiu substituir Júlio Macedo por Pedro Neves no cargo de director executivo. A decisão dos accionistas decorre do envolvimento de Júlio Macedo, que o PÚBLICO tentou ouvir sem sucesso, em negócios polémicos, que nalguns casos estão a ser investigados pelas autoridades. Macedo foi, aliás, constituído arguido pelos crimes de corrupção e tráfico de influências, no caso da transacção de imóveis dos CTT em Coimbra e Lisboa.

Avaliado em 17,7 milhões, o prédio de Coimbra foi negociado com a TCN, mas acabou por ser comprado, por 14,8 milhões pela Demagre, de que Júlio Macedo era também administrador. E, no mesmo dia, foi vendido, por 20 milhões, à ESAF, do Grupo Espírito Santo. Na edição de 12 de Abril passado, o semanário Sol noticiou que, nas buscas realizadas ao escritório da TCN, em Lisboa, foram encontrados documentos com a referência ""Amigos dos CTT"-sem recibo-1.000.000,00 Euros", que sugerem ter sido paga uma comissão pelo negócio que auditorias da Inspecção-Geral de Finanças e da Inspecção-Geral de Obras Públicas consideraram lesivo para os CTT.

Também constituído arguido foi o vereador e líder do PS-Coimbra, Luís Vilar, que, ainda de acordo com o Sol, recebia uma avença de três mil euros mensais mais 5 por cento do valor de cada projecto assinado e de cada escritura de compra e venda assinada na Região Centro. As autoridades registaram depósitos em contas de Vilar de valores não consentâneos com a sua declaração de rendimentos e transferências da conta pessoal de Júlio Macedo. Os investigadores apreenderam ainda um fax em que o vereador pede a Macedo 440 mil euros de comissão "pela compra do edifício dos CTT de Coimbra". No decurso das investigações, o Ministério Público detectou ainda cheques passados por Vilar a Victor Baptista, para custear despesas da candidatura deste deputado e líder distrital do PS à presidência da Câmara de Coimbra, bem como um donativo de Pedro Garcês, também arguido no processo e sócio de Macedo na Demagre e na TCN, à candidatura autárquica de Baptista.

Júlio Macedo esteve ainda envolvido na alienação de 39 por cento da Termalistur, em S. Pedro do Sul, à TCN, que o presidente da câmara decidiu sozinho, num sábado, depois de a assembleia municipal ter aprovado o negócio com outra empresa. O gestor de negócios da TCN que assinou o contrato era assessor de um vereador da maioria PSD. A câmara acabou por desistir do negócio, muito contestado pela oposição, no início do ano passado.Júlio Macedo está ainda associado ao gorar da parceria TCN - Associação Empresarial de Portugal (AEP) para a Exponor XXI, um projecto de 850 milhões relativo à deslocação do parque de exposições da AEP para o Europarque de Santa Maria da Feira e ao aproveitamento imobiliário dos terrenos da actual Exponor, de Leça da Palmeira, que seriam libertados. Macedo e o líder da AEP, Ludgero Marques, envolveram-se em polémica, com o primeiro a acusar o segundo de tentar incluir uma unidade de painéis solares no pólo da Feira, à revelia da TCN. A parceria acabou em divórcio amigável.

Público 17.05.08

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